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AH COMO EU QUERIA UMA TURNÊ INTERNACIONAL NA AMÉRICA


Antes de mais nada é preciso deixar claro que isso aqui não passa de algo da vontade de um fã. Não, o Forró Mastruz com Leite não fará uma turnê internacional, e é isso que será escrito. Me preocupo e vejo questão de resguardo, pois estamos num momento onde os recortes tem trazidos muitas dores de cabeça, e o conteúdo completo aparenta perder cada vez mais o seu valor, o que é perigoso. Então vou reforçar: Isso aqui é uma fanmade para correr o texto abaixo.


Essa estação de levar um artista que não está no mainstream para fora do seu país, é um caminho árduo, bastante sinuoso e que requer muita coragem. Apesar de ser um forrozeiro confesso, não há porque de expor aqui que essa não é a única fonte que bebo, afinal vamos sempre aprendendo a ouvir coisas novas e descobrir muitos sons de boa qualidade espalhados por aí.


Através de contato com amigos e por intermédio de um professor, abri a minha mente e pude conhecer diversos gêneros musicais, assim como acabei por extinguir o preconceito, entre estes gêneros está o rock in roll. Além de ouvir também já pude ir a diversos shows, desde artistas mais populares aos mais underground, bandas de garagem mesmo e que se propunham a fazer a sua música.


Assim me deparei com grupos musicais do rock também de outros países, pessoas que se quer tem seus trabalhos difundidos e nem tão pouco conhecidos em seu país de origem, entretanto esses mesmos músicos, mesmo assim, ousam em sair da que podemos chamar zona de conforto para tocar distante de suas casas.


Nunca fiz parte de uma gerência de produção de eventos, e nem tenho pessoas próximas que trabalham nesse setor, porém o exercício de interpretar essa aparição de artistas de outros países aqui em minha cidade, capital do menor Estado do país, abriu-me precedentes para uma análise e reflexão de certo modo mais aprofundado.


Claro, dentro do aspecto de artistas casuais, pessoas que têm investido seu talento em produzir um som independente e sem muito suporte de terceiros, bancando toda a logística contratual dos responsáveis por comprar seu show, podemos pensar que existem muita improvisação, onde talvez apareça até um pouco mais de zelo na execução do trabalho apesar do baixo retorno financeiro, já que o que eles mais almejam é fazer o seu som reverberar.


Longe de qualquer imagem de um artista já conhecido dormindo em um quarto com todos os componentes da banda para diminuir as despesas - ao menos não consigo ter essa figuração em minha mente -, fazer música independente caminha lado a lado com a abdicação de "regalias". 


Falar disso talvez seja um assunto com tons capciosos, afinal como é sabido nem só de glamour vive até o artista mais famoso mesmo com as compensações que os contratos celebram, há sempre àquele incomodo por algo que não esteja funcionando da forma como deveria. Isso sem citar os percalços aos quais muitas das vezes fogem de qualquer programação normal.


Quando o Forró Mastruz com Leite saiu para desbravar a Europa e os Estados Unidos da América, certamente esse retrato foi pintado por lá. De qualquer forma, pensando no nosso forró, a situação tinha passado para um outro patamar uma vez que a banda que toca um ritmo nordestino brasileiro visitou outro continente mesmo antes se quer tocar, por exemplo, na região Sul de seu país de origem. 


A única vez que a banda tocou numa cidade dessa região, foi em novembro de 1994, em Ponta Grossa, no Paraná. no Festival de Chopp. Isso porque a banda, nesse tempo, fazia parte do escritório “Aplauso Produções”, que levou o Mastruz pra cidades fora do Nordeste, onde há muito tempo eles não pisaram mais.

Fonte: Leandro Melo 


De toda forma não podemos esquecer que moramos num Estado com dimensões continentais, onde situações como essa são mais corriqueiras do que talvez imaginemos e esse fato do Mastruz indo tocar e cantar fora do seu país já foi algo surreal para a época.


Atualmente pensar em uma grupo de forró composto por seis vocalistas, em que muita das vezes esse é o quantitativo de componentes, por exemplo, que fazem uma banda de rock, mostra a complexidade da questão. Administrar uma banda como o Mastruz e seus seis vocalistas, dois sanfoneiros, dois bateristas, tecladista, back-vocal, saxofonista, baixista e guitarrista, além de profissionais de apoio técnico, me faz perceber que a logística se torna bem diferente daquela com menos profissionais envolvidos (olha que não temos ballet).


Coloco aqui também como pano de discussão os espaços onde são realizados os atuais eventos musicais,  muitas das vezes (no caso do rock) como eu vi acontecerem em locais muito pequenos, acreditem, até em uma casa longe daquele mar de gente que você ver na TV no Rock in Rio.


O cenário da globalização e da facilidade que o uso de diversas ferramentas tecnológicas tem nos proporcionado, propõem um retrato fidedigno de coragem para trabalhar e almejar novas experiências. A verdade é que dificilmente alguém que você conhece não tem contato com outra pessoa que já foi ou está em outro lugar do mundo, e essa probabilidade de ser um país da América aumenta ainda mais a chance de ser um quesito assertivo para a proposta dessa imaginável turnê.


Num cenário no qual eu estivesse residindo em outro país e do nada me deparasse com um show do Mastruz com Leite; pudesse ser em qual Estado/Província fosse, alugava uma van e ia vestido de cangaceiro até lá. Obviamente que o interesse não parte apenas dessa aproximação com seus compatriotas, vejo que essa experiência também para o artista se apresentar como uma oportunidade plural de tocar para os moradores locais, e interseccionar história, sociedade e cultura através da sua arte musicada.


Como deu para perceber, pessoas com propostas arrojadas saem de sua zona de conforto e quebram fronteiras para apresentar a sua música, isto é, nadam contra a maré para realizar turnês internacionais mesmo sem que o seu som seja conhecido no seu país de origem. No caso do Mastruz com Leite, para um grupo consolidado a mais de trinta anos, será que esse seria ainda um desafio a ser topado?


Mastruz com Leite turnê Internacional




Não vejo o porque não. No sentido da realidade atual e com pensamentos prospero onde logo menos a situação do mundo em relação a pandemia irá acabar, talvez chegue à hora de propor novos desafios, ou seja, fazer da história algo a mais do que um processo cíclico e vicioso, mas sim numa infindável constância para além daquilo que já está construído.


Veja, curiosamente a mais de um ano atrás nós aqui do fã clube recebemos a mensagem de um internauta peruano que comentou em uma das letras do disco do "Canta Pinduca". Dizia ele: 


Buena. Buscaba esta letra. Recuerdos de mi niñez. Saludos desde Perú.


Claro que para muitos isso não passa de uma situação comum, mas dentro da observação fria do que o internauta descreveu e na tentativa de fazer um refino interpretativo de sua frase, existe nela algo que menciona a história, a arte por trás da música, indo muito mais além do que apenas uma emissão sonora ou uma reflexão de algo que ele apenas viveu.


Exemplifiquei com o rock sobre a ousadia em poder tocar fora de seu local de origem, trouxe o comparativo entre um pequeno grupo de músicos para algo como a Mastruz e seus quase vinte profissionais, para quem sabe ainda vejamos a banda mãe por mais uma vez realizando uma turnê internacional. De modo simplificado para um texto que não fique maior do que já está, penso que vale a luta se um dia da vontade for de seus administradores.


Espero que através desse ensaio eu possa muito em breve aqui retornar para lembrar do dia em que escrevi sobre a vontade de ver a minha banda favorita realizando seus projetos mundo à fora (literalmente), fazendo novas explorações musicais (cantando o forró em outro idioma, trabalho com artistas de fora), embarcando em viagens para os nossos países vizinhos, sedentos e dispostos a abrir suas portas para conhecer a banda que continua o legado do verdadeiro ritmo Nordestino brasileiro. 


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