MASTRUZ COM LEITE, ÚNICA BANDA CAPAZ DE GRAVAR UMA MISSA
Sim, e se o Forró Mastruz com Leite também fosse a pioneira entre as bandas de forró eletrônico a gravar uma missa?
Afina, o que é uma Missa? Até a década de 1960 a missa era rezada em latim (com uma breve exceção), entretanto, no Concílio que aconteceu no Vaticano no papado de João XXIII que se decidiu que elas deveriam ser rezadas no vernáculo, na língua de cada país.
Durante muitos séculos a Missa foi rezada em latim e não podia usar um texto diferente do celebrado. Tinham certos movimentos dela que podia se usar aquelas palavras sagradas. Por causa disso, durante séculos, vários compositores escreveram músicas usando exatamente o mesmo texto e isso nos possibilita compararmos as abordagens musicais desses compositores ao longo do tempo, nesses quase dois mil anos.
O Ordinário da Missa, isto é, aquilo que é comum nelas, é exatamente o que acontece nas celebrações, onde tem que estar presente em todas as Missas, exceto em algumas de caráter especial, como por exemplo as das Sexta-Feira da Paixão que se tira uma parte. Esse Ordinário da Missa basicamente apresentam cinco movimentos: Kyrie, Credo, Gloria, Sanctus e Agnus Dei. O único que não é em latim é o Kyrie que tem sua origem no grego.
O que é o Kyrie? Logo no começo da missa o celebrante diz: Senhor tende piedade de nós. Cristo tende piedade de nós. Senhor tende piedade de nós. Que em grego é:
Christe eleison.
Kyrie eleison.
Já o Credo (crêdo), em português a oração é:
Esses são os dois primeiros movimentos da missa, o Kyrie e o Credo. Toda a letra do kyrie pode-se dizer que é de fácil de musicalização, ou seja, transforma-la em música, já o Credo é mais complicado, assim os compositores tendem a "pintar com tintas pesadas, tristes" e depois alegre, onde Jesus ressuscitou.
O Ordinário tem que acontecer sempre nas Missas, chamado de Próprio. O Próprio são os textos especiais das Missas que não são as comuns. Por exemplo, uma missa de Requiem que é uma Missa fúnebre de textos especiais, onde você não tem ô Glória e sim outras orações fúnebres.
Por falar nisso, o Glória é:
Cada compositor coloca a música exatamente nesses textos. Dessa forma nós podemos comparar a instrumentação de cada época em que elas foram produzidas e no fim, o último link, tem uma playlist com as Missas citadas.
E por fim o Agnus Dei que é:
Essa repetição da oração funciona como uma ladainha, ela tem poder e quem acredita em tem fé acredita nesse poder. Vamos então Conheça algumas Missas para que possa fazer essa comparação. O texto acompanhará um link de playlist criada com Obras dos respectivos períodos.
O período medieval em si, vai século 5º até o século XV; mais ou menos, pois em música nada é absoluto. Aqui são aproximadamente 1000 anos em que não há acompanhamento instrumental. Existe-se sim algum órgão em algumas delas, mas o Canto Gregoriano é geralmente à capela, ou seja, sem acompanhamento musical. Também podemos encontrar esse tipo de missa por Missa Cantochão.
Playlist de Música Medieval
Da Renascença uma das mais bonitas é a do Giovanni Pierluigi da Palestrina. Compositor italiano que trabalhou na Capela Sistina e foi um dos grandes defensores da polifonia na música. Sua Missa a chamada Missa Papae Marcelli, a qual apresenta esses movimentos sendo ela uma polifonia renascentista.
Playlist de Música Renascentista
Do Barroco temos um exemplo da Missa em B (si) menor do Johann Sebastian Bach. Uma Missa Medieval dura às vezes durante 20 minutos, a do Palestino tem algo aproximado de 25 minutos, já essa do Bach tem quase duas horas justamente porque o ator destrincha todo o texto.
Playlist de Música Barroca
O Clássico, citamos duas Missas do Wolfgang Amadeus Mozart. Há a Missa da Coroação que uma missa curta, pois segundo uma tradição, conta-se que o Arcebispo de Salzburg (Áustria) não gostava de Missas longas. Além da Missa da Coroação temos também a Missa em C (dó) menor que o compositor não a terminou ele não escreveu o Agnus Dei.
Playlist de Música Classicista
Do Romântico citaremos duas Missas completamente diferentes. Se uma das características do clássico é a elegância as do romantismo são o exagero, a emoção. Franz Schubert escreveu a Missa em G (sol) que é relativamente curta e Anton Bruckner escreveu a Missa em E (mi) menor para couros e metais (trompete, trombone, tuba, trompa, entre outros).
Playlist de Música Romântica
O mais importante de tudo isso é compreender que as Missas Medievais, Renascentistas, Barrocas, Clássicas e Românticas eram em latim e grego, já as próximas que são as Missas Modernas, são no vernacular.
Existe uma Missa Afro-Brasileira do compositor mineiro Carlos Alberto Pinto Fonseca. Esse compositor mistura o latim com o português, assim ele respeitou a liturgia em latim e a traduziu para o português. Além dele, fica a indicação da Missa de Ariel Ramirez (Missa Criolla). Essas duas citadas respeitam os textos da Missa em sua totalidade, ou seja, os seus cinco movimentos ordinários.
Já a do Leonard Bernstein que era judeu, adicionou outros textos em sua Missa - chamada de Mass -, além de usar guitarra, contrabaixo elétrico, entre outros instrumentos e com certeza é uma das mais difíceis de se ouvir. A The Armed Man do Karl Jenkins vem de uma tradição das missas antigas, onde existia uma canção no período medieval que é uma canção popular e por ter ficado muito famosa os compositores medievais resolveram usar a melodia para fazer a missa.
Playlist de Música Modernista
Fonte: Professor e maestro Alexandre Innecco do ECAI
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