CRÍTICA - ROTINA
Por aí já ouvi dizer que as músicas chamadas chicletes, como bom exemplo as músicas de verão em período carnavalesco, passam por uma espécie de adaptação no cérebro humano. A forma é simples, a música pode ser ruim, arranjos fracos, melodias sem qualquer trabalhabilidade e a sua letra tão ruim quanto, mas o seu cérebro de tanto ouvir passa a se acostumar, dando a sensação que aquele som ruim agora soa agradável. Mas o resultando é esse, onde ele não tornou-se bom e sim você se adaptou. Pense num barulho de um ar-condicionado, você vai se acostumar, apesar dele está ali te fazendo muito mal.
Não que "Rotina" seja isso, longe, bem longe de ser uma música de verão até porque quando teve o concurso todo mundo se surpreendeu - ou não - com mais uma bela letra da Paula Santiago. Veja, a Paula não é a única pessoa nesse mundo isenta de críticas e muito menos o Forró Mastruz com Leite a quem estará essa resenha, contudo é preciso ser sempre sincero consigo e com àqueles que levam a sua opinião em consideração.
Ainda hoje, a música parece ter sido entregue por ter simplesmente ter sido entregue. Aparenta ser um desejo feito por uma criança, onde os adultos resolveram ceder, uma espécie de cessar o choro. Ao ouvir por diversas vezes a música escrita por Paula Santiago, as coisas não mudaram e ao contrário, só aumentaram a percepção de ausências.
Diferentemente, por exemplo, do seu antecessor (Na Boca do Gol de Ferreira Filho), "Rotina" tem ausência de vozes. Não há vocais e tem uma melodia - onde na minha humilde opinião - pede um pouco mais de cordas (além da guitarra incidental). Falarão ser puxa-saquismo por ele está fazendo uma parte importante para a ponte entre banda e fãs, mas o destaque instrumental fica à cargo dos teclados do Tiago Senna.
Algo que gosto - e quem tem um pouco mais 35 anos entenderá - é a parte "crua" de se ouvir música, pois sou daqueles que ouve com bastante louvor álbuns gravados em Mono como se fossem sons de Blu-ray. Se vale de curiosidade para quem desconhece, existe uma caixa dos Beatles em versão Mono e Stereo, além de ouvir músicas de excelente qualidade ficará bem perceptível do que venho falando, ou você pode buscar por shows antigos do início dos anos 90 do próprio Mastruz com Leite.
Falo disso porque a impressão foi que, apesar de gostar bastante dessa "coisa crua" de ouvir e longe dessa pasteurização das quais as músicas vêm sofrendo (por isso que não consigo ouvir direito "Terapia - Forró Sem Efeito Colateral"), parece que a versão entregue de "Rotina" ainda estava na voz guia da Roberta Felina. Veja, aos meus ouvidos não existe problema nisso, é como se a talentosa cantora estivesse aqui sentada comigo e cantando, porém, penso que isso não foi entregue de caso pensado e sim por um descuido ou talvez uma falta de vontade de fazer algo bem mais trabalhado.
A parte final da música também soa descuidada. É perceptível a existência de um corte brutal nos segundos finais, algo observado na primeira vez me fazendo pensar em ter sido um erro do meu player de música; mas na verdade não foi.
Rotina fez parte de uma quase campanha maciça, onde eu mesmo endorsei. Já que o Mastruz com Leite não tem entregue produtos inéditos de forma cheia e sim apenas de forma espaçada através de singles (e isso é uma estratégia mesmo de mercado), poderia muito bem só agradecer por ter o meu desejo atendido, mas na verdade ficou à frustação de aparentemente ter sido feito por fazer. Na vitrine estava um belo prato, mas acabaram esquecendo de por uma pitada de sal ou açúcar para agradar o paladar. No fim, Rotina é um boa velha história de amor musicada e cumpre o seu objetivo de passar uma bela mensagem edificante.
Composição: Paula Santiago
Voz: Roberta Felina
Duração: 3'48
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